quarta-feira, outubro 25, 2006
Gostava de ter dentro de ti a força de um trovão, para que sentisses a exaltação do poder que desconserta. Se eu fosse raio e trovão não me fazia anunciar e estoirava forte, bem dentro o grito surdo de uma força maior que não cabe no peito.
Quero que me sintas como trovoada, calma e assustadora, perto e naturalmente poderosa. Desejo que me penses em sobressalto e me lembres com a claridade de um raio e o poder do trovão.
Sinto que só te poderei ter marcado como trovoada, mas é nos dias soalheiros e mais brilhantes que me lembro que existimos. A saudade que sinto de ti naqueles dias quase sufoca... E então, a trovoada é dentro de mim.
Mesmo podendo não te escreverei uma mensagem. Sei que as palavras nunca chegariam para te transmitir a solidão do que me fizeste sentir.
As palavras parecem-me vazias demais e demasiado pouco para o que mereces de mim. Para ti tinham de ser também os gestos, o olhar e principalmente os silêncios. Os momentos em que o corpo fala por nós e a alma, mesmo que despreocupada, sente exactamente o peso certo.
E quando acabasse de te dizer tudo, fazia questão de inventar uma nova mímica, outros vocábulos para ver se te exaltavas e quanto mais quente, ardente, perturbante fosse a minha conversa ao teu corpo, nas tuas entranhas com mais calma falaria para sentires bem dentro o ardor de que te falava.
Foi bom saborear o tempo em que éramos leves e vivíamos calmamente, sem datas ou horários. Foi assim que tanta coisa se perdeu.
Foto: Alex Krivtsov
Queria que chovesse
um rio inteiro de gotas
pequenas e reluzentes
frias, a penetrar a pele.
E ao escorrerem pelo meu corpo
limpassem a minha alma
de desencantos e faltas de vontade
de outras almas pequenas
e sensações tristes.
Queria chorar
este rio inteiro de gotas
para então poder testar
se te ias com as lágrimas
ou se elas te cravejavam
ainda mais na minha vontade.
No dia em que conseguir chorar
será a ti que abraçarei
em pensamento e lágrimas
e só assim saberei
se és desengano da vontade ou vontade de viver.
sábado, outubro 21, 2006
Os minutos vão passando e já pouco me interessam as tuas palavras, o teu discurso aveludado, simplesmente porque as tuas acções falam por ti, dizem muito mais do que és e do que sentes e tem sido com elas que tenho tido que (sobre)viver.
Vai acontecendo aquele momento em que a importância das tuas e das minhas palavras se dilui nos dias de espera, de ausência, do nada que passaste a ser e então, as palavras perdem força em detrimento dos actos, das acções cheias de nada e coisas feias, desrespeito e desconsideração.
Só me magoa ter-te acreditado, teres alimentado tanto do nada que planeaste dar. Encheste páginas vazias durante dias contados ao segundo, páginas frias para logo de seguida serem calor, suor e transpiração de quem viveu com o que tinha, sempre com vontade de muito mais... (Pelo menos palavras!)
terça-feira, outubro 17, 2006
Tu
Tu estás sempre presente, mas ausente
sempre lembrado, mas só de um lado.
Tu massacras com o silêncio, com a falta de sinceridade,
com a vulgaridade de acções quando
acreditei que contigo não seria
um desvanecer de emoções,
quase sentimentos.
Contigo acreditei ser maior,
bem melhor
e mesmo com esta pitada de amargo
continuo à espera.
Assim a incredulidade manda.
Acho que não vale a pena dizer-te mais nada!
Dizer o quê?!
Tu sabes...
Eu gostava que não marcasses datas
que me dissesses a tua verdade
e a tua vontade
e que um dia
acontecêssemos de novo,
um dia...
Eu não teria paciência,
mas não viveria para esse dia
o dia que seleccionaste entre tantos outros.
E quando esse dia chegasse
e nada acontecesse,
eu não teria razões para te apontar
o dedo no calendário e dizer-te
que mais uma vez
estavas em falta,
não tinhas cumprido
o nosso dia,
que tu seleccionaste,
já tinha passado e nós
não tínhamos acontecido.
Se é uma mensagem que tentas transmitir
eu prefiro palavras esbatidas no olhar,
porque o silêncio
tem sempre todas as interpretações
que lhe queremos dar.
Imagina que junto
as palavras erradas ao teu silêncio
e à tua distância?!...
Já não quero mais
interpretações de ti,
quero saber-te, viver-te,
olhar-te, sentir-te o calor e
ler o que o teu sorriso tem para me dizer.
E só depois conseguirei absorver
o que terás para me dizer,
oferecer-te as minhas palavras
(se as quiseres)
e assim seremos leves,
um no outro.
Foto: Luis Miguel Mateus
segunda-feira, outubro 16, 2006
domingo, outubro 15, 2006
Estou cansada dos dias de espera que conheço por tua causa. Se pudesse escolher sabia os meus olhos inundados de ti todos os dias, ainda que por breves minutos para alimentar o sorriso nos meus lábios e a leveza da minha alma.
Já me cansa o discurso branco e acções negras, ausentes e distantes tão longe do calor com que me aqueceste.
Quanto completa ter-te a ti por perto, tão perto, quase do lado de dentro. E depois de me ensinares o que é partilhar e viver com a cumplicidade, vontade e carinho personificados em outro alguém ficas longe, tão distante. Eu só, depois de ter vivido um tempo insuficiente de ti. Tu a mim ainda não me chegas, quero-te mais, muito mais e profundamente.
Custa-me viver sem ti, mas muito mais viver sem a tua verdade, as tuas palavras jogadas na cara, derretidas nos olhos, amargas à alma. Espírito pequeno? Nunca considerei que tivesses, mas não me dás outra hipótese. Não me dás qualquer hipótese de falar, de me ouvires e tu sabes que quero, preciso. Refugias-te nesse silêncio cobarde, de quem cospe para o lado a insignificância de qualquer coisa, um acto nojento que não cabe em mim, na minha pessoa ou no meu espírito e vontade de vida. Não me dás sequer alternativa que te respeite, porque deixas de o merecer... E está tudo nas tuas mãos! Se calhar, só não é importante o suficiente para o pensares, agires e muito menos sentires. E se é assim é porque não vales a pena e isso magoa-me, esventra-me porque te pensei tão diferente!!...
(Prova-me que és diferente disto, deste silêncio vazio e mesmo que já não seja importante para ti, mostra-me que és maior, melhor e não vais pelo caminho mais fácil!)
sábado, outubro 14, 2006
quarta-feira, outubro 11, 2006
quarta-feira, outubro 04, 2006
Em ti penso quando quero pele, carne, corpo, suor e não ter de pensar.
Contigo a história começa e acaba nos minutos que passamos juntos, sem ser importante repetir ou questionar o minuto seguinte ao suor, ao gemido, ao prazer líquido que conhecemos do nosso cansaço.
Contigo a história dura minutos, horas e nunca além disso, nunca no desejo da esperança, apenas o desejo da carne. Os ponteiros não contam os nossos minutos, porque "nós" não existimos, não deixamos marca no tempo.
De ti, para ti, só cansaço, prazer, desejo.
domingo, outubro 01, 2006
Não me apetece estar só! Mas haverá outra presença que preencha o vazio da falta que sinto?!...
Não consigo imaginar outra alma com quem passar minutos que abrem no meu rosto um sorriso sinceramente rasgado. Não encontro noutros olhos a vontade da partilha e o calor de quem está perto, a querer saltar para o lado de dentro.
Não ambiciono outros lábios ou outros beijos quentes, porque contigo começava a despertar, a entregar o sentir que com o tempo seríamos apenas um e isso seria natural, a vida, a nossa...
É por me teres querido viver e por me mostrares as minhas asas que não quero outra companhia, outra alma, outro olhar, outros lábios, beijos e sorrisos rasgados.
Ainda me lembro quando me disseste que para sorrires era fácil, bastava sorrir para ti.