terça-feira, outubro 17, 2006

Tu
Tu estás sempre presente, mas ausente
sempre lembrado, mas só de um lado.
Tu massacras com o silêncio, com a falta de sinceridade,
com a vulgaridade de acções quando
acreditei que contigo não seria
um desvanecer de emoções,
quase sentimentos.
Contigo acreditei ser maior,
bem melhor
e mesmo com esta pitada de amargo
continuo à espera.
Assim a incredulidade manda.
Acho que não vale a pena dizer-te mais nada!
Dizer o quê?!
Tu sabes...
Eu gostava que não marcasses datas
que me dissesses a tua verdade
e a tua vontade
e que um dia
acontecêssemos de novo,
um dia...
Eu não teria paciência,
mas não viveria para esse dia
o dia que seleccionaste entre tantos outros.
E quando esse dia chegasse
e nada acontecesse,
eu não teria razões para te apontar
o dedo no calendário e dizer-te
que mais uma vez
estavas em falta,
não tinhas cumprido
o nosso dia,
que tu seleccionaste,
já tinha passado e nós
não tínhamos acontecido.
Se é uma mensagem que tentas transmitir
eu prefiro palavras esbatidas no olhar,
porque o silêncio
tem sempre todas as interpretações
que lhe queremos dar.
Imagina que junto
as palavras erradas ao teu silêncio
e à tua distância?!...
Já não quero mais
interpretações de ti,
quero saber-te, viver-te,
olhar-te, sentir-te o calor e
ler o que o teu sorriso tem para me dizer.
E só depois conseguirei absorver
o que terás para me dizer,
oferecer-te as minhas palavras
(se as quiseres)
e assim seremos leves,
um no outro.
Foto: Luis Miguel Mateus