sexta-feira, junho 29, 2007

"Aguenta em ti tudo o que é de ti...
Estou só comigo, que destino dar a isto?"
Vergílio Ferreira
Foto: Rodolfo Seves
Entre nós existem mundos de distância.
...
Mas ainda sinto o sabor do teu beijo, o calor da tua língua e como o mundo era leve quando me espreguiçava no teu abraço.
Ainda te conheço o cheiro e desenho traços do sorriso.
Foto: Nuno Belo

quinta-feira, junho 28, 2007

Quanto tempo o peito em sobressalto.
Quantas vezes as palavras, tão escassas
que oprimem qualquer manifestação
de dor, incerteza.
Não há caminho mais solitário
que o de não conseguirmos expressar
o que vai dentro...
Ou acharmos que não faz diferença!

Foto: Karl F.

Dentro do meu peito, penúria.
Sinto como se o tempo parasse, como se não vivesse os minutos desocupados do dia e a vida não contasse realmente fora da cabeça cheia de responsabilidades.
Tenho saudades dos segundos em que vivia, que nos vivia, que te vivia e que me vivia com um outro alguém. E agora já nem és tu, ou tu, ou tu a personagem que falta do outro lado. Agora, do outro lado, só um tempo vazio, uma cara abstracta, apenas leves sensações de que fui feita um dia, do que procuro durante uma vida.
Os dias passam, o peito aperta-me e tento disfarçar o vazio de uma vida cheia de coisas que não chegam para me encher a alma ou alimentar o espírito.
Já nem lembro antigas ligações a um passado aliciante, cheio de promessas.

Foto: Cernat Catalin

terça-feira, junho 26, 2007

Quando me olhas a perguntar o que estou a fazer, quero que leias no meu olhar que ainda não me apetece esvaziar o meu corpo da tua essência morna e embriagante.
por palavras de claudia in http://asconversas.blogspot.com/
Foto: Thomas Doering

sábado, junho 23, 2007

São tantas as vezes que sinto, que um grito mudo sufoca as palavras e então, fica apenas o meu silêncio.

Foto: Stanmarek

domingo, junho 10, 2007

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Foto: John Cleary "Danielle in Boat"