segunda-feira, novembro 07, 2005

Longe...

Na claridade artificial do longo corredor que percorríamos num qualquer fim de tarde sem qualquer magia, os meus olhos encontraram os teus e a veemência esquecida gritou sugestão. Perdi a conta aos dias em que já não te olhava, em que tu não estavas presente e acreditei que a vida era mesmo sem ti, porque tu foste instante. No entanto, agora que os meus olhos encontraram os teus no segundo que durou aquele momento, tu fazes novamente parte de uma lembrança não tão distante, não esquecida, nem difusa ou apagada. És fôlego que não preciso alentar, um arfar que me avigora, és o arrepio do corpo antes da lembrança estar completa, o momento vivido e desfrutado até ao máximo do prazer que te traz a certeza de uma espécie de felicidade plena. Surpreende-me o facto de te lembrar tão bem... O olhar que dá vontade de viver lá dentro, o teu corpo que aproximava o meu, o toque quando naquele abraço me envolvias e estranhamente senti que me era um lugar familiar de tão aprazível, o juntar dos teus e dos meus lábios, a respiração ofegante e a voluptuosidade que os nossos corpos exalavam enquanto perto, muito perto, já fundidos... Não são saudades aquilo que sinto nem vontade de acreditar é talvez o desejo de estar perto e olhar os teus olhos, para de novo te encontrar e voltar a ver em ti a pessoa que lembro.