Só no palco
Angustia-me o vazio que sinto na rapidez com que te apago de mim.
Desde à muito que não te pensava, tu que és o mundo aparte deste que vivo todos os dias, um mundo onde consegui chegar sempre que procurava a tua alma, o teu corpo e o nosso encontro e como foram raras as vezes em que isto aconteceu!
Depois da mensagem que decidia virar a nossa página gasta, que sempre que o teu nome passava na minha mente não tinha a mínima vontade de entrar por aí, porque sabia que viria aquele sabor doce com uma pitada de amargo veneno em caminhos não pensados que apenas fomos percorrendo sem nunca darmos real importância aonda nos levavam. Nunca percorremos caminhos escolhidos e a necessidade de ler nas entrelinhas, porque sempre tivemos medo de nos darmos, já me cansa.
Agora preciso de sentimentos definidos e esclarecidos, não posso viver do que não se define, porque isso se arrasta sempre por demasiado tempo com demasiadas coisas por resolver, apenas por medo, pena, seja o que for da definição.
Apesar de dizeres que é por falta de maturidade esta decisão de "arrumar" sentimentos, situações, fantasias, passado, presente e futuro próximo foi e está a ser das decisões mais maduras que tomei. E por muito que isso me desagrade (ou não) creio que a nossa relação como a conhecemos não faz parte daquilo que quero para a minha vida! Provavelmente trata-se, de como tu tão bem soubeste definir, de viver com a consciência que tudo o que aconteceu foi bom, está no passado e faz parte de puro saudosismo... Pois que seja, porque eu continuo a achar que isso não muda em nada a nossa distância, a ausência na vida um do outro.
Pelos vistos, como fazes questão de frizar, eu não entendo tanta coisa que se relaciona contigo, e consequentemente connosco, no entanto, nunca perdeste tempo da tua vida para parar e explicar, conversar e partilhar. Optámos sempre pelo silêncio, pelos trocadilhos, pelas palavras difíceis e pelas entrelinhas quando na realidade o que precisavamos era a verdade, a sinceridade e a descoberta mútua do que existe(ia) realmente entre nós.
O que não deixa de ser irónico é acreditares sem um pingo de humilde e consciência que deste sempre grandes passos e fizeste a tua parte, não delegando com isso culpa à minha pessoa... Não será essa atitude um espelho de como as coisas realmente aconteceram?!...
Não sei se o que mais me custa é levar a minha decisão de página virada avante, com tudo o que isso acarreta ou o facto de já não mexeres comigo como antes acontecia, já não conseguires plantar uma tristeza profunda ou uma alegria ridícula, o facto de já não me trazeres um turbilhão de emoções, porque neste momento em que escrevo uso apenas a razão, vazia de sentimentos.
Eu disse-te que gritava por dentro, mas isso nunca te importou. Disse-te que no dia em que não sentissemos nada um pelo outro, principalmente o "amor" e/ou o "ódio" acabaria o que nos unia. Penso se não estaremos a vivê-lo!?!!...
Não deixa de ser estranho, mas pode muito bem ser verdade que afinal eu não tenho sentimentos profundos por ti. Não posso dizer que não me entristeça, mas tenho consciência que ambos estragámos o que tinhamos com o tempo, as ausências, a solidão e o silêncio.
Eu escolhi não mais te querer ao meu lado, sem que na prática a minha decisão faça diferença, porque muitas vezes a vida me doeu por tua causa.
Ainda queria sentir a tua falta ou talvez não...tenho saudades de te sentir vivo em mim, presente, uma parte essencial... Mas já não posso dizer nada disso, porque já não o sinto nem te sinto, perto ou distante é igual. Quero continuar a sentir o mesmo nó no estômago quando te vejo, o coração descompasssado, a voz a falhar e as palavras tantas vezes ensaiadas para te dizer serem apenas confusão. Acontece que agora deixas-te de ser conflito, turbilhão és apenas o comodismo inconformado do silêncio e da distância a que nos propusemos e entregámos, quando nunca pensámos ser isso possível.
Tenho saudades de tudo o que representavas para mim, deste mundo tão aparte que me deste a conhecer, da nossa incompatibilidade com a realidade, do tempo em que te mantive vivo dentro de mim... Sei agora que à muito que era apenas eu que te alimentava! Uma vez que as minhas forças não são as mesmas para contigo, tu vais partindo!...
Fica apenas a certeza inconformada de saber que me lembras como eu às vezes também te vou lembrando...
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home