Quem te deu o direito
de me tornar fria,
de me sentir oca
vazia
de não conseguir o ar
entrar para arejar,
este engasgo
que não passa por
saber que não vens
para me dar novo fôlego
para aguentar os dias.
Não tinhas o direito
de me rasgar
sonhos doces e as horas
saberem apenas amargas,
como que gastos
minutos por estrear.
Arrancaste-me
alegrias de dentro,
e de fora,
e é por isso
que já nem tu
me sabes a nada.
Apetecia-me chorar
quantas lágrimas
conseguisse
para então poder limpar
angústia de alma e coração
e assim,
poder continuar
transparente de mim mesma.
Foto: Margarida Delgado
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