Sinto-me presa por paredes que doem e me fazem sentir desocupada. Um buraco fundo melancólico de sensações passadas e sem nada de novo para viver.
A doçura da tua lembrança dói-me em cada gomo de pele e o vácuo que me sufoca procura palavras que falam de ti para o sopro seguinte.
Como revoltar esta espera pela vida? Se não mais te sentir poderei afirmar que o que sinto por ti subsiste? E se o que sinto por ti se extinguir, esgota-se para sempre?
E tu, que me perdeste, que já não estremeces com o meu nome, nem com as lembranças dos meus gestos, não entristeces como um ser humano que se senta à espera do fim? Quem é que não teme perder o que tem? Porventura aquele que não tem nada ou a nada dá valor.
Também tu me fazes sentir assim, não é só a não vida. Tu (ou eu) serias o meu sorriso de dentro, o espelho da minha felicidade (quase) completa...
Foto: Kirchhoff
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