Gostava de te escrever como numa notícia. Com primeiras letras garrafais para que percebesses que me frustras e não seduzes, quando me atiras essa tua forma, desprendida de mim, de viver.
Gostas mais das páginas de desporto, dos golos dos jogos que segues, mas desta vez dar-te-ia uma página de cultura ou notícias de país, daquelas que desconcertam toda a gente, por causa da crise e do mundo que vai mal.
Era numa página suja e deslavada de jornal, que te poria em imagens escandalosas e palavras atractivas para que todos olhassem e soubessem que serias novidade, daquelas que todos tentamos não registar para que não nos faça comichão aos dias e à consciência.
Sei que serias uma notícia constrangedora, irritante. Ocuparias demasiadas páginas insípidas de jornais espalhados por aí, primeiro na mão, agarrados à força e depois a esvoaçar pelo vento, sem ninguém se importar com isso.
Foto: Paul Hiller
E o bom de seres notícia, era o facto de amanhã já nem me lembrar de ti e ficar comichosa com outras letras quaisquer.
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